Microprocessador
mecânico promete inteligência artificial para robôs
Redação
do Site Inovação Tecnológica - 24/10/2018
Uma pequena viga de silício (vermelho), juntamente com seus eletrodos de
acionamento (amarelo), e de leitura (verde e azul), implementa um MEMS capaz de
fazer cálculos usados pela inteligência artificial.[Imagem: Guillaume
Dion]
Computação de reservatório
Conforme a inteligência artificial se
torna cada vez mais sofisticada, ela vem inspirando esforços para desenvolver
hardwares cuja arquitetura física lhe seja mais adequada.
É o caso da computação neuromórfica, que imita o cérebro
humano, tipicamente baseada em componentes chamados memoristores, que misturam memória com processador
- um desses protótipos demonstrou recentemente ser capaz de acelerar a inteligência artificial em
200 vezes.
Mas existem outras abordagens,
como a chamada "computação de reservatório".
Ao permitir que os componentes de
hardware façam cálculos de maior dimensão exigidos pela inteligência
artificial, essa vertente já fez demonstrações surpreendentes, como adivinhar as palavras antes que você
fale.
Mais surpreendente ainda é que,
agora, uma equipe canadense demonstrou que é possível fazer computação de reservatório
usando não componentes eletrônicos, mas sistemas eletromecânicos extremamente
pequenos, os chamados MEMS (MicroElectroMechanical
Systems).
Microprocessador mecânico
Já se sabia que um processador mecânico poderia gastar
menos energia do que um processador eletrônico, mas Guillaume Dion e
seus colegas da Universidade de Sherbrooke foram os primeiros a construir o
dispositivo computacional mecânico baseado na computação de reservatórios,
dispensando os tediosos "treinamentos" exigidos para que as redes neurais
aprendam.
A rede neural micromecânica
explora a dinâmica não linear de uma viga de silício em microescala, 20 vezes
mais fina do que um fio de cabelo humano, conforme ela oscila no espaço. Os
resultados dessa oscilação são usados para construir uma rede neural virtual
que projeta o sinal de entrada no espaço de maior dimensão necessário para a
computação neural.
A computação de reservatórios elimina o treinamento das redes neurais.
[Imagem: Guillaume Dion et al. - 10.1063/1.5038038]
"Esses tipos de cálculos são
normalmente feitos apenas em software e os computadores podem ser ineficientes.
Muitos dos sensores hoje são construídos com MEMS, então dispositivos como o
nosso seriam a tecnologia ideal para diluir a fronteira entre os sensores e os
computadores," disse Dion, ressaltando que isso é particularmente
interessante para o campo da robótica.
Nas demonstrações, o sistema foi
capaz de alternar entre diferentes tarefas de referência comumente usadas para
testes de redes neurais com relativa facilidade, incluindo a classificação de
sons falados e o processamento de padrões binários - ele atingiu uma precisão
de 78,2% e 99,9%, respectivamente.
A equipe agora pretende explorar
cálculos cada vez mais complicados usando o microprocessador mecânico
neuromórfico com a expectativa de desenvolver sensores pequenos e
energeticamente eficientes, além de microcontroladores para robôs.
Bibliografia:
Reservoir computing with a single delay-coupled non-linear mechanical oscillator
Guillaume Dion, Salim Mejaouri, Julien Sylvestre - Journal of Applied Physics - Vol.: 124, 152132 - DOI: 10.1063/1.5038038
Reservoir computing with a single delay-coupled non-linear mechanical oscillator
Guillaume Dion, Salim Mejaouri, Julien Sylvestre - Journal of Applied Physics - Vol.: 124, 152132 - DOI: 10.1063/1.5038038
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