Monday, July 25, 2016

Realmente que mundo é esse?



Nasce a Holografia Quântica
Redação do Site Inovação Tecnológica -  22/07/2016



 Esquema do experimento que gerou o primeiro holograma de um único fóton - um holograma quântico.[Imagem: FUW/dualcolor.pl/jch]

O que sabemos das leis naturais
Você se envolveria em uma pesquisa que pretendesse fazer algo que os livros-texto dizem contrariar as leis fundamentais da física?

Talvez sim, pelo menos se você fosse um dos cientistas que desbravam a natureza e ajudam a escrever as teorias que nós costumamos chamar de leis - mas que parecem nunca estar perfeitamente escritas.

Por exemplo, até agora os físicos acreditavam que criar um holograma de um único fóton era impossível devido às leis fundamentais da física porque fótons individuais obedecem às leis da mecânica quântica, enquanto os hologramas dependem de interferências de feixes de luz - formados por zilhões de fótons -, que seguem as leis da óptica clássica.

Mas agora você pode apagar todas essas "crenças", porque uma equipe de físicos da Universidade de Varsóvia, na Polônia, acaba de superar todos os desafios e aplicar os conceitos da holografia clássica para o mundo dos fenômenos quânticos - eles criaram o primeiro holograma quântico.

Como seria de se esperar, o impacto dessa realização está ribombando por todos os fundamentos da mecânica quântica, e certamente ajudará a reescrever muitos livros-texto de física.

Holografia clássica e holografia quântica
"Nós realizamos um experimento relativamente simples para medir e visualizar algo incrivelmente difícil de observar: o formato da frente de onda de um único fóton," resume o professor Radoslaw Chrapkiewicz.

Simples, mas espetacular.

Para começar, na fotografia os pontos individuais de uma imagem registram apenas a intensidade da luz. Já na holografia clássica o fenômeno de interferência registra também a fase das ondas de luz, que transporta informação sobre a profundidade da imagem.

Para criar um holograma, uma onda de luz de referência é sobreposta a uma outra onda do mesmo comprimento de onda, mas refletida de um objeto tridimensional - para essa superposição, os picos e vales das duas ondas são deslocados em diferentes graus para diferentes pontos da imagem.

Isto resulta em uma interferência, criando um complexo padrão de linhas devido às diferenças de fase entre as duas ondas. Basta então usar um feixe de luz de referência para iluminar o holograma e recriar a estrutura espacial das frentes das ondas da luz refletida, recriando assim a forma 3D do objeto.

O problema de ir reduzindo os feixes de luz até o mínimo possível, até um fóton apenas - para criar um holograma de um fóton individual - é que a fase dos fótons individuais continua a flutuar, o que torna a interferência clássica com outros fótons algo impossível.

 Michal Jachura e Radoslaw Chrapkiewicz, principais idealizadores do experimento que levou ao nascimento da holografia quântica. [Imagem: FUW/Grzegorz Krzyewski]

Como fazer o impossível
Como a equipe polonesa decidiu enfrentar uma tarefa aparentemente impossível, eles abordaram a questão de forma diferente: em vez de usar a interferência clássica das ondas eletromagnéticas, eles tentaram registrar a interferência quântica quando as funções de onda dos fótons individuais interagem.

Até agora, não havia um método experimental simples para obter informações sobre a fase da função de onda de um fóton individual. Embora a mecânica quântica tenha muitas aplicações, e venha sendo checada inúmeras vezes com um grande grau de precisão crescente, ainda não somos capazes de explicar o que de fato são as funções de onda: serão elas simplesmente uma ferramenta matemática útil, ou são algo real?
Assim, o experimento "simples" da equipe é um importante passo para melhorar nossa compreensão dos princípios fundamentais da mecânica quântica.

"Nosso experimento é um dos primeiros a permitir observar diretamente um dos parâmetros fundamentais da função de onda do fóton - a sua fase - nos levando um passo mais perto de compreender o que a função de onda realmente é," disse Michal Jachura, principal idealizador do holograma quântico.

 Holograma de um único fóton: reconstruído a partir de medições experimentais (à esquerda) e previsto teoricamente (à direita). [Imagem: FUW]

Primeiro holograma quântico                                         
O experimento começou com um par de fótons, com frentes de onda planas e polarizações perpendiculares. A polarização diferente tornou possível separar os fótons em um cristal e tornar um deles "desconhecido" curvando sua frente de onda com uma lente cilíndrica.

Os fótons foram então refletidos por espelhos e direcionados para um divisor de feixe, um cristal de calcita, que não altera o sentido dos fótons polarizados verticalmente, mas desloca os fótons polarizados horizontalmente - a fim de fazer com que cada direção fosse igualmente provável, e para certificar-se de que o cristal funcionava mesmo como um divisor de feixe, os planos de polarização dos fótons foram inclinados em 45 graus antes de entrarem no divisor.

Repetindo as medições várias vezes, os físicos obtiveram uma imagem de interferência correspondente ao holograma do fóton desconhecido visto a partir de um único ponto no espaço - surgia diante de seus olhos, ou de seus instrumentos, o primeiro holograma de um único fóton, um holograma quântico.

Aplicações surpreendentes
Agora que conseguiu reconstruir a função de onda de um fóton individual, a equipe pretende projetar outros experimentos para recriar funções de onda de objetos quânticos mais complexos, tais como átomos.

Mas será que a holografia quântica irá encontrar aplicações além do laboratório, de forma semelhante à holografia clássica, que é rotineiramente utilizada em segurança (hologramas são difíceis de falsificar), entretenimento, transportes (em escâneres de medição das dimensões de cargas), imagens de microscopia, armazenamento de dados ópticos e tecnologias de processamento?

"É difícil responder a esta pergunta hoje. Todos nós - eu me refiro aos físicos - devemos primeiro botar nossas cabeças para funcionar para entender esta nova ferramenta. É provável que aplicações reais da holografia quântica não apareçam por algumas décadas ainda, mas se há uma coisa que podemos ter certeza é que elas serão surpreendentes," disse o professor Konrad Banaszek.

Bibliografia:

Hologram of a Single Photon
Radoslaw Chrapkiewicz, Michal Jachura, Konrad Banaszek, Wojciech Wasilewski
Nature Photonics
DOI: 10.1038/nphoton.2016.129

Sunday, July 17, 2016

Novidades em discos



Disco rígido com pista auxiliar fica sempre na trilha
Redação do Site Inovação Tecnológica -  11/07/2016




A inovação já chamou a atenção da indústria de discos rígidos, que está avaliando o impacto da novidade no processo produtivo.[Imagem: Hu Jiang Feng/A*Star]

Pistas auxiliares
Uma combinação de duas tecnologias - processamento de sinais e empilhamento de camadas magnéticas - promete aumentar a confiabilidade e a capacidade de armazenamento dos discos rígidos.

Os HDs atuais contêm um ou mais pratos finos superpostos que giram em velocidades muito altas. Os dados são gravados na superfície magnética de cada prato, em pistas circulares muito estreitas - para aumentar a densidade de armazenamento -, com a leitura e a escrita feitas por uma cabeça que flutua apenas nanômetros acima da superfície magnética.

A cabeça é mantida na trilha por pistas magnéticas especiais, chamadas "pistas servo", dispostas radialmente ao longo do disco, como os raios de uma roda de bicicleta.

"Conforme a cabeça de leitura cruza os raios servo, o que acontece até 400 vezes por volta em um disco típico, a informação do servo é usada pelo drive para empurrar a cabeça de volta para o centro da pista de dados," explica Kheong Sann Chan, do Instituto A*STAR, de Cingapura.

Ajuste contínuo
O problema com esse sistema de ajuste é que, devido à necessidade de minimizar o número de raios-servo nos discos - eles ocupam espaço que poderia ser usado para armazenar dados - a cabeça só é reposicionada por uma pequena fração de tempo. Entre os raios-servo, a cabeça de leitura fica suscetível a distúrbios, como choques e vibrações, que aumentam a incidência de erros de leitura, reduzindo o volume de dados efetivamente lidos ou escritos em um dado período.

A equipe do professor Chan encontrou uma solução: eles acrescentaram uma segunda camada magnética no disco dedicada inteiramente ao armazenamento das informações dos servos. Um firmware faz o processamento de sinais para casar a informação lida do disco com o posicionamento da cabeça. Com isto, a cabeça de leitura é mantida precisamente sobre a trilha de dados de forma contínua, conforme o disco gira a mais de 120 quilômetros por hora abaixo dela.

"Nós desenvolvemos um sistema de servo dedicado que consiste em duas camadas magnéticas empilhadas: a de cima para dados e uma camada inferior para armazenar informações de ajuste de posição," explica Chan. "Isto significa que a informação de posicionamento fica disponível o tempo todo, e não apenas quando a cabeça está sobre os raios-servo. O esquema também libera espaço na camada de dados para armazenar mais informações."

A inovação já chamou a atenção da indústria de discos rígidos. Segundo a equipe, as indústrias estão avaliando o impacto da adoção da nova tecnologia em seus processos produtivos e o eventual impacto de que ela terá no preço final dos HDs.

Bibliografia:

Signal Processing for Dedicated Servo Recording System
Yibin Ng, Kui Cai, Kheong Sann Chan, Moulay Rachid Elidrissi, Maria Yu-Lin, Zhi-Min Yuan, Chun Lian Ong, Shiming Ang
IEEE Transactions on Magnetics
Vol.: 51 Issue:10
DOI: 10.1109/TMAG.2015.2456851

Saturday, July 02, 2016

IA e o controle da humanidade



Inteligência artificial derrota pilotos humanos em combate simulado
Com informações da BBC -  29/06/2016





O sistema utiliza uma técnica conhecida como lógica nebulosa genética. [Imagem: Nicholas Ernest et al. - 10.4172/2167-0374.1000144]


Briga automatizada
Um sistema de inteligência artificial para pilotagem de caças derrotou dois pilotos humanos em uma simulação de combate.

O piloto robótico, batizado de Alpha, usou quatro jatos virtuais para defender uma área litorânea dos dois caças e não sofreu perdas.

Desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, o sistema também venceu um instrutor de pilotos da Força Aérea Norte-Americana reconhecido por sua experiência.

Na simulação, os dois jatos que atacavam o litoral - chamada de equipe azul - tinham um sistema de armas mais poderoso que os jatos usados pelo Alpha, chamados de equipe vermelha.

Apesar da desvantagem, o sistema criado por inteligência artificial conseguiu se livrar dos inimigos depois de realizar uma série de manobras evasivas.

Lógica nebulosa
O sistema usa uma forma de inteligência artificial baseada no conceito de lógica nebulosa - também conhecida como difusa, ou fuzzy, com o programa analisando uma série ampla de opções antes de tomar a decisão.

Devido ao fato de um caça virtual produzir uma quantidade grande de dados para serem interpretados, nem sempre fica óbvio quais as manobras são mais vantajosas ou mesmo em que momento uma arma deve ser disparada. Sistemas que usam a lógica nebulosa podem pesar a importância desses dados individuais antes de tomar uma decisão mais ampla.


Bibliografia:

Genetic Fuzzy based Artificial Intelligence for Unmanned Combat Aerial Vehicle Control in Simulated Air Combat Missions
Nicholas Ernest, David Carroll, Corey Schumacher, Matthew Clark, Kelly Cohen, Gene Lee
Journal of Defense Management
DOI: 10.4172/2167-0374.1000144