Nanotecnologia extrema vê átomos individuais
reagindo
Redação
do Site Inovação Tecnológica - 06/03/2020
Visualização dos átomos ao microscópio (esquerda) e esquema do
experimento (direita).
[Imagem: University of Otago/10.1103/PhysRevLett.124.073401]
Reação química entre átomos individuais
Em um experimento inédito para a física quântica, pesquisadores da
Universidade de Otago, na Nova Zelândia, mantiveram átomos individuais
"suspensos" num ponto fixo e então os observaram conforme eles
interagiam e reagiam entre si, algo nunca antes observado.
Até agora, esse processo físico e químico-quântico só era entendido
através de médias estatísticas de experimentos envolvendo grandes números de
átomos.
E os resultados surpreenderam, mostrando que as teorias terão que ser
refeitas porque não explicam o que o experimento mostrou.
"Nosso método envolve capturar e resfriar individualmente três
átomos a uma temperatura de cerca de um milionésimo de Kelvin usando raios
laser altamente focados em uma câmara com hipervácuo, do tamanho de uma
torradeira. Nós combinamos lentamente as armadilhas que continham os átomos
para produzir interações controladas que nós então medimos," explicou o
professor Mikkel Andersen.
Teorias insuficientes
Quando os três átomos se aproximaram, dois deles - e apenas dois, o que
é uma surpresa - formaram uma molécula e todos recebem um "pulso" da
energia liberada no processo. Uma câmera de microscópio permitiu que o processo
fosse ampliado e visualizado.
"Apenas dois átomos não podem formar uma molécula, são necessários
pelo menos três para fazer a química. Nosso trabalho representa a primeira vez
que esse processo básico é estudado isoladamente, e ocorre que ele nos deu
vários resultados surpreendentes que não eram esperados com base nas medições
anteriores em grandes nuvens de átomos," disse o pesquisador Marvin
Weyland.
Os resultados do experimento mostraram que demorou muito mais tempo do
que o esperado para formar uma molécula, em comparação com outros experimentos
e com os cálculos teóricos, que se mostraram insuficientes para explicar o
fenômeno.
Embora os pesquisadores sugiram mecanismos que possam explicar a
discrepância, eles destacam a necessidade de desenvolvimentos teóricos
adicionais nessa área da mecânica quântica experimental.
A expectativa é que esta técnica permita fazer
reações químicas, partindo de átomos individuais, para produzir virtualmente
qualquer substância.
[Imagem: L. A. Reynolds et al./APS/Alan Stonebraker]
Montar a matéria de baixo para cima
A equipe já havia observado dois átomos individuais interagirem entre si, mas não para formar
uma molécula.
E este talvez seja o resultado mais entusiasmante para os sonhos de
longa data da nanotecnologia: "Ao trabalhar nesse nível molecular, agora
sabemos mais sobre como os átomos colidem e reagem um com o outro. Com mais
desenvolvimento, esta técnica poderá fornecer uma maneira de construir e
controlar moléculas únicas de produtos químicos específicos," disse
Weyland.
Isso, sem contar, é claro, toda a gama de tecnologias
quânticas, que dependem da manipulação precisa de partículas
individuais.
Bibliografia:
Artigo: Direct Measurements of Collisional Dynamics in Cold Atom Triads
Autores: L. A. Reynolds, E. Schwartz, U. Ebling, M. Weyland, J. Brand, M. F. Andersen
Revista: Physical Review Letters
Vol.: 124, 073401
DOI: 10.1103/PhysRevLett.124.073401
Artigo: Direct Measurements of Collisional Dynamics in Cold Atom Triads
Autores: L. A. Reynolds, E. Schwartz, U. Ebling, M. Weyland, J. Brand, M. F. Andersen
Revista: Physical Review Letters
Vol.: 124, 073401
DOI: 10.1103/PhysRevLett.124.073401
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