Cristal
emenda pedaços e cicatriza depois de quebrado
Redação
do Site Inovação Tecnológica - 30/09/2016
O cristal cola novamente depois de quebrado - é possível ver a
"cicatriz" na parte central do cristal. [Imagem: Patrick
Commins/NYU Abu Dhabi]
Cristal
Pesquisadores sintetizaram um
pequeno cristal amarelo que, quando quebrado, volta a colar, bastando colocar seus
pedaços juntos novamente, sem adição de qualquer produto.
Já foram desenvolvidos vários materiais que se regeneram ou se
autoconsertam, mas todos são polímeros ou géis, ou seja, materiais
moles - esta é a primeira vez que o autoconserto ocorre em um material
cristalino, duro e seco.
E a similaridade com a cicatrização dos
materiais biológicos vai além: o cristal cria uma
"cicatriz" depois de voltar a se unir.
Autoconserto
Vendo as características que
permitem a recolagem dos materiais moles, Patrick Commins e seus colegas da
Universidade de Nova Iorque se perguntaram o que aconteceria se eles
sintetizassem um material duro que apresentasse a mesma estrutura atômica
responsável pela cicatrização dos materiais moles.
Eles chegaram a um composto
orgânico à base de enxofre - batizado de dissulfeto de di-pirazol-tiuram - que
forma pequenos cristais. Isto porque é a relação entre os átomos de enxofre que
dá a propriedade de autoconserto aos polímeros moles - os átomos de enxofre
"fluem" em direção uns aos outros, refazendo a conexão que conserta o
material.
E, confirmando que os átomos de
enxofre são de fato responsáveis pela autocicatrização, a coisa funcionou no
cristal.
"O que acontece quando nós
quebramos o cristal é que todos esses [átomos de] enxofre se movimentam, e
quando nós pressionamos os pedaços eles reformam suas ligações e o cristal se
conserta," contou Commins.
Os átomos de enxofre "fluem" para a borda quando dois pedaços
do cristal se juntam, refazendo a conexão e juntando as duas partes quebradas.
[Imagem: Patrick Commins/NYU]
Cristais com cicatrização
O autoconserto é suficiente para
que o cristal torne-se uma única peça novamente, restando apenas uma
"marca de cicatrização" onde ele havia sido quebrado.
As propriedades mecânicas,
contudo, não se restauram por completo: basta uma força de 6,7% da força
necessária para quebrar originalmente o cristal para que ele se quebre
novamente depois do autoconserto.
"Isto é de fato uma pequena
revolução, porque mostra um conceito que até agora não era considerado
possível. É a primeira vez que observamos que estruturas rígidas como cristais
podem se autoconsertar. Ninguém esperava por isso. É certamente uma mudança no
nosso entendimento dos cristais," disse o professor Pance Naumov.
Bibliografia:
Self-Healing Molecular Crystals
Patrick Commins, Hideyuki Hara, Pance Naumov
Angewandte Chemie International Edition
DOI: 10.1002/anie.201606003
Self-Healing Molecular Crystals
Patrick Commins, Hideyuki Hara, Pance Naumov
Angewandte Chemie International Edition
DOI: 10.1002/anie.201606003
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