Thursday, February 11, 2016

Big data, AI, renovação



Força de trabalho digital
Entrevistas com 228 executivos mostram o comportamento das empresas em relação à robótica e à inteligência artificial
MARCOS DE OLIVEIRA e BRUNO DE PIERRO | ED. 239 | JANEIRO 2016







 O mercado de trabalho corporativo está cada vez mais exigente em profissionais com conhecimentos em robótica e inteligência artificial, áreas que utilizam softwares para permitir, por exemplo, aos computadores reconhecer padrões e fazer associações de forma automática. Essa tendência é abordada no relatório Preparing for the digitisation of the workforce, realizado pela revista inglesa

The Economist com o patrocínio da Everis, consultoria de origem espanhola. Foram entrevistados 228 executivos em empresas nos Estados Unidos, Europa, América Latina e Ásia. Do total, 80% acreditam que a capacidade de usar ferramentas digitais será um fator fundamental para seu sucesso no futuro. Mas enquanto 58% dos pesquisados criaram uma estratégia para a digitalização do trabalho, desses, apenas 23% implementaram essa tarefa.

Entre as barreiras para o avanço da digitalização da força de trabalho está a alta demanda de profissionais com boa formação, como pesquisadores. Entre os entrevistados, 82% concordam que sua organização precisa transformar a forma de gerenciar o trabalho usando a tecnologia digital. Entre os empecilhos está a ausência de conhecimentos técnicos por parte dos profissionais.

Na robótica, o uso mais comum é na linha de produção, mas cresce o uso de robôs virtuais no gerenciamento de dados, permitindo que empregados qualificados possam concentrar atenção onde são mais necessários. Robôs virtuais captam dados de negócios da empresa para organizar as informações de forma mais eficiente e ágil. Na área da inteligência artificial, 43% dos entrevistados dizem que sua organização está fazendo uso da tecnologia. Aplicação mais comum é na análise e mensuração de dados.
“O uso de robótica e inteligência artificial é uma tendência na economia. Hoje há uma incorporação gradativa de ferramentas computacionais e de informática”, diz Renato Pedrosa, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos coordenadores adjuntos da FAPESP na área de programas especiais. “Robótica é uma área em que os alunos da graduação na engenharia das boas universidades são razoavelmente bem informados, o mesmo acontece com os alunos de ciência da computação em relação à inteligência artificial. Em programas de pós-graduação avança-se em algumas das técnicas de forma mais específica, o que resulta em melhor aproveitamento nas áreas”, diz o professor Roberto Marcondes, do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) e coordenador adjunto da área de ciências exatas e matemática da FAPESP.

Como fica o profissional que é também pesquisador, mas de outra área, que precisa de conhecimentos em robótica e inteligência artificial no seu trabalho dentro da empresa? “Esse profissional precisa entender, no mínimo, quais os modelos matemáticos e os algoritmos que são implementados nos softwares, que estão por trás dos sistemas que se quer implantar ou que estão disponíveis no mercado”, diz Marcondes. “Penso que se de um lado há a substituição de algumas atividades por máquinas, do outro há uma ampliação do setor de serviços”, diz Pedrosa. “Precisamos de gente para organizar o grande volume de informações e dados gerados pelos sistemas digitais”, completa.

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