Força de
trabalho digital
Entrevistas com 228 executivos mostram o
comportamento das empresas em relação à robótica e à inteligência artificial
MARCOS DE
OLIVEIRA e BRUNO DE PIERRO | ED. 239 | JANEIRO 2016
O mercado de trabalho corporativo
está cada vez mais exigente em profissionais com conhecimentos em robótica e
inteligência artificial, áreas que utilizam softwares para permitir, por
exemplo, aos computadores reconhecer padrões e fazer associações de forma
automática. Essa tendência é abordada no relatório Preparing for the
digitisation of the workforce, realizado pela revista inglesa
The Economist com o patrocínio da Everis, consultoria de origem espanhola. Foram entrevistados 228 executivos em empresas nos Estados Unidos, Europa, América Latina e Ásia. Do total, 80% acreditam que a capacidade de usar ferramentas digitais será um fator fundamental para seu sucesso no futuro. Mas enquanto 58% dos pesquisados criaram uma estratégia para a digitalização do trabalho, desses, apenas 23% implementaram essa tarefa.
Entre as barreiras para o avanço
da digitalização da força de trabalho está a alta demanda de profissionais com
boa formação, como pesquisadores. Entre os entrevistados, 82% concordam que sua
organização precisa transformar a forma de gerenciar o trabalho usando a
tecnologia digital. Entre os empecilhos está a ausência de conhecimentos
técnicos por parte dos profissionais.
Na robótica, o uso mais comum é
na linha de produção, mas cresce o uso de robôs virtuais no gerenciamento de
dados, permitindo que empregados qualificados possam concentrar atenção onde
são mais necessários. Robôs virtuais captam dados de negócios da empresa para
organizar as informações de forma mais eficiente e ágil. Na área da
inteligência artificial, 43% dos entrevistados dizem que sua organização está
fazendo uso da tecnologia. Aplicação mais comum é na análise e mensuração de
dados.
“O uso de robótica e inteligência
artificial é uma tendência na economia. Hoje há uma incorporação gradativa de
ferramentas computacionais e de informática”, diz Renato Pedrosa, professor do
Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos coordenadores adjuntos
da FAPESP na área de programas especiais. “Robótica é uma área em que os alunos
da graduação na engenharia das boas universidades são razoavelmente bem
informados, o mesmo acontece com os alunos de ciência da computação em relação
à inteligência artificial. Em programas de pós-graduação avança-se em
algumas das técnicas de forma mais específica, o que resulta em melhor
aproveitamento nas áreas”, diz o professor Roberto Marcondes, do Instituto de
Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) e coordenador
adjunto da área de ciências exatas e matemática da FAPESP.
Como fica o profissional que é
também pesquisador, mas de outra área, que precisa de conhecimentos em robótica
e inteligência artificial no seu trabalho dentro da empresa? “Esse profissional
precisa entender, no mínimo, quais os modelos matemáticos e os algoritmos que
são implementados nos softwares, que estão por trás dos sistemas que se
quer implantar ou que estão disponíveis no mercado”, diz Marcondes. “Penso que
se de um lado há a substituição de algumas atividades por máquinas, do outro há
uma ampliação do setor de serviços”, diz Pedrosa. “Precisamos de gente para
organizar o grande volume de informações e dados gerados pelos sistemas
digitais”, completa.
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