Thursday, February 25, 2016

Bandidos digitais

Ciberataques são usados para obter resgate, diz empresa



Joel Saget/AFP 

 Cibersegurança: menos comumente, hackers têm usado ferramentas destrutivas como as que temporariamente inutilizaram redes da Sony
Da REUTERS

São Francisco - Hackers têm destruído mais dados corporativos ou criptografados em troca de resgate em vez de simplesmente destruí-los, disse uma grande empresa de cibersegurança.

A FireEye, mais conhecida pelas investigações conduzidas por sua unidade Mandian, disse em relatório sobre tendências ao longo do ano passado que o chamado sequestro de dados afligiu centenas de empresas, além de clientes. 

Menos comumente, hackers têm usado ferramentas destrutivas como as que temporariamente inutilizaram redes da Sony e que também afetaram a Sands Las Vegas, disse a FireEye.

"Eu definitivamente não caracterizaria isso como comum, mas é algo que estamos vendo mais", disse o vice-presidente da Mandiant, Marshall Heilman. "Há mais umas duas empresas vítimas que não foram a público". 
Heilman também disse que ataques chineses diminuíram como porcentagem dos casos em que a Mandiant está trabalhando, embora isso possa ser amplamente devido aos ataques da Rússia e outros locais estarem se tornando mais comuns. 

EUA e China fecharam acordo de cooperação em 2015 para reduzir a ciberespionagem e empresas de segurança observaram queda, ou pelo menos transição, nas operações da China.


Friday, February 19, 2016

Dados pela eternidade



Disco óptico 5D para guardar a história pela eternidade
Redação do Site Inovação Tecnológica -  17/02/2016




 Disco óptico 5D para guardar a história pela eternidadeProtótipo de disco óptico com armazenamento 5D, decorado externamente para mostrar seu conteúdo - A Declaração Universal dos Direitos Humanos. [Imagem: University of Southampton]





Dados pentadimensionais
Há alguns anos, pesquisadores australianos criaram um disco óptico que armazena dados em cinco dimensões.

Além das três dimensões tradicionais no interior do material transparente, foram adicionadas uma dimensão espectral - ou de cor - e uma dimensão de polarização da luz. O resultado é a possibilidade de gravar várias informações na mesma área do disco.
Pouco depois, uma equipe da Universidade de Southampton, no Reino Unido, desenvolveu píxeis 3D - chamados "voxels" - que simplificaram ainda mais a técnica de armazenamento 5D, que passou a depender de um único laser para funcionar.

Eles vêm incrementando o dispositivo desde então, e agora apresentaram seus mais recentes protótipos, bem mais promissores do que sua memória de cristal capaz de guardar dados para sempre.

O armazenamento em 5D agora já conta com discos de vidro padronizados, com capacidade de 360 terabytes (TB) cada um.

Memórias eternas
A equipe não aposta só na capacidade e densidade de armazenamento: seus discos apresentam estabilidade termal até 1.000º C e um tempo de vida praticamente ilimitado a temperatura ambiente.

A 190º C, as extrapolações indicam que cada disco pode durar pela idade do Universo (13,8 bilhões de anos). Outras versões de memórias "eternas" não prometem mais do que 1 bilhão de anos - obviamente, sem contar os cristais do tempo, que poderão sobreviver ao fim do Universo.

Isso abre um novo capítulo no armazenamento digital de dados, com memórias virtualmente "eternas". "A tecnologia poderá ser incrivelmente útil para organizações com grandes arquivos, como arquivos nacionais, museus e bibliotecas, para preservarem suas informações e registros," escreve a equipe do professor Jingyu Zhang.

As demonstrações anteriores, feitas há cerca de dois anos, mostravam discos gravados com a tecnologia 5D contendo arquivos texto de 300 kb. Agora já há discos contendo a Bíblia inteira, além de documentos históricos, livros de Newton, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e outros documentos.

Armazenamento 5D
Os dados são gravados no disco de vidro usando um laser ultrarrápido, que gera pulsos com duração de poucos femtossegundos.

O laser registra os dados em três camadas de pontos nanoestruturados no interior do material - os voxels -, cada um a uma distância de cinco micrômetros dos seus vizinhos.
As nanoestruturas alteram a forma como a luz usada na leitura viaja através do vidro, modificando sua polarização. A luz é lida por uma combinação de um microscópio óptico e um polarizador, semelhante aos existentes nos óculos de sol polarizados.

A equipe agora está procurando parceiros na indústria que possam transformar tudo em um equipamento de tamanho razoável e colocar o armazenamento 5D no mercado.
Bibliografia:

5D Data Storage by Ultrafast Laser Writing in Glass
Jingyu Zhang, Aura Cerkauskaite, Rokas Drevinskas, Aabid Patel, Martynas Beresna, Peter G. Kazansky
SPIE Photonics West Proceedings
Vol.: 9736-29

Thursday, February 11, 2016

Big data, AI, renovação



Força de trabalho digital
Entrevistas com 228 executivos mostram o comportamento das empresas em relação à robótica e à inteligência artificial
MARCOS DE OLIVEIRA e BRUNO DE PIERRO | ED. 239 | JANEIRO 2016







 O mercado de trabalho corporativo está cada vez mais exigente em profissionais com conhecimentos em robótica e inteligência artificial, áreas que utilizam softwares para permitir, por exemplo, aos computadores reconhecer padrões e fazer associações de forma automática. Essa tendência é abordada no relatório Preparing for the digitisation of the workforce, realizado pela revista inglesa

The Economist com o patrocínio da Everis, consultoria de origem espanhola. Foram entrevistados 228 executivos em empresas nos Estados Unidos, Europa, América Latina e Ásia. Do total, 80% acreditam que a capacidade de usar ferramentas digitais será um fator fundamental para seu sucesso no futuro. Mas enquanto 58% dos pesquisados criaram uma estratégia para a digitalização do trabalho, desses, apenas 23% implementaram essa tarefa.

Entre as barreiras para o avanço da digitalização da força de trabalho está a alta demanda de profissionais com boa formação, como pesquisadores. Entre os entrevistados, 82% concordam que sua organização precisa transformar a forma de gerenciar o trabalho usando a tecnologia digital. Entre os empecilhos está a ausência de conhecimentos técnicos por parte dos profissionais.

Na robótica, o uso mais comum é na linha de produção, mas cresce o uso de robôs virtuais no gerenciamento de dados, permitindo que empregados qualificados possam concentrar atenção onde são mais necessários. Robôs virtuais captam dados de negócios da empresa para organizar as informações de forma mais eficiente e ágil. Na área da inteligência artificial, 43% dos entrevistados dizem que sua organização está fazendo uso da tecnologia. Aplicação mais comum é na análise e mensuração de dados.
“O uso de robótica e inteligência artificial é uma tendência na economia. Hoje há uma incorporação gradativa de ferramentas computacionais e de informática”, diz Renato Pedrosa, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos coordenadores adjuntos da FAPESP na área de programas especiais. “Robótica é uma área em que os alunos da graduação na engenharia das boas universidades são razoavelmente bem informados, o mesmo acontece com os alunos de ciência da computação em relação à inteligência artificial. Em programas de pós-graduação avança-se em algumas das técnicas de forma mais específica, o que resulta em melhor aproveitamento nas áreas”, diz o professor Roberto Marcondes, do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) e coordenador adjunto da área de ciências exatas e matemática da FAPESP.

Como fica o profissional que é também pesquisador, mas de outra área, que precisa de conhecimentos em robótica e inteligência artificial no seu trabalho dentro da empresa? “Esse profissional precisa entender, no mínimo, quais os modelos matemáticos e os algoritmos que são implementados nos softwares, que estão por trás dos sistemas que se quer implantar ou que estão disponíveis no mercado”, diz Marcondes. “Penso que se de um lado há a substituição de algumas atividades por máquinas, do outro há uma ampliação do setor de serviços”, diz Pedrosa. “Precisamos de gente para organizar o grande volume de informações e dados gerados pelos sistemas digitais”, completa.

Monday, February 08, 2016

A luz esta sob dominio



Primeiro chip óptico reprogramável
Redação do Site Inovação Tecnológica -  19/01/2016






 Exemplos práticos de circuitos de processamento de sinais criados pela reprogramação do chip fotônico. [Imagem: José Capmany et al. - 10.1038/nphoton.2015.254]



Circuito integrado óptico flexível
Quando construíram o primeiro chip fotônico multiuso, os pesquisadores anunciaram que aquele era um passo essencial rumo a um processador fotônico reprogramável, análogo aos atuais chips eletrônicos FPGA.

O objetivo agora foi alcançado, em escala de laboratório, por José Capmany, Ivana Gasulla e Daniel Pérez, da Universidade Politécnica de Valência, na Espanha.

"De forma similar à invenção dos FPGAs eletrônicos em 1985, a disponibilidade em grande escala de chips ópticos programáveis será um passo importante rumo ao processamento ultrarrápido de sinais de banda larga," comentou o professor Jianping Yao, da Universidade de Ottawa, no Canadá, em comentário publicado pela revista Nature a respeito do feito da equipe espanhola.

"Atualmente a velocidade do processamento digital de sinais é limitada pela velocidade de conversão analógico-para-digital (ADC). O chip ADC mais rápido do mundo [fabricado pela Texas Instruments] pode operar a 1 giga-amostra por segundo, o que corresponde a uma largura de banda de 500 MHz. Para um chip óptico programável em larga escala, a banda de processamento pode ser 1.000 vezes mais larga, centenas de GHz," completou Yao.

 Esquema de cada unidade programável do circuito integrado fotônico. [Imagem: José Capmany et al. - 10.1038/nphoton.2015.254]

FPGA fotônicos
FPGA é a sigla de Field-Programmable Gate Array (arranjo de portas programável em campo), um tipo de circuito integrado fabricado para ser configurado pelo projetista após a fabricação - daí o termo "programável em campo" que compõe sua sigla.

A empresa pioneira na fabricação de circuitos integrados FPGA, a Altera, foi recentemente adquirida pela Intel por US$16,7 bilhões, o que mostra o valor e a importância futura dos circuitos integrados ópticos programáveis.

"Trata-se de um primeiro passo rumo a uma nova revolução no campo das telecomunicações. Em um futuro não muito distante, disporemos de circuitos integrados fotônicos genéricos, com uma configuração padrão e um núcleo universal, que poderão ser programados conforme necessário. Sendo um chip genérico, não será necessário modificar os processos de fabricação para cada aplicação," disse o professor Capmany.

Bibliografia:

Microwave photonics: The programmable processor
José Capmany, Ivana Gasulla, Daniel Pérez
Nature Photonics
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nphoton.2015.254